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Capítulo II - O reencontro e a maldição



***Indica-se ler início deste capítulo escutando a canção: https://www.youtube.com/watch?v=6h9XUYj96ho


“Oi Maeve. Acabei de te achando aqui no Instagram. Quanto tempo!

Um dia você se despediu de mim e me prometeu que a gente veria como ficava a nossa história quando você voltasse, e você nunca mais voltou… Como você não cumpriu a sua promessa, agora estou indo até você para ver se assim essa promessa se cumpre. Se você ainda quiser cumprí-la, me encontra na estação de metrô às 18h. Estou em Shibuya.


Otis


Maeve não acredita no que lê ao abrir o seu direct. Como Otis a descobriu?? Ela nunca havia esquecido Otis, assim como não esqueceu o seu passado. Por mais que sua vida fosse uma grande montanha russa de momentos e emoções complicadas, foram esses anos que a ensinaram a reconhecer o orgulho que residia em si, resultando em bloqueios que só empataram de viver uma vida tranquila e feliz. Mas ela caminhou tanto para que finalmente pudesse realizar seus sonhos e se distanciar das turbulências, que acabou acreditando que não fosse mais possível reviver um sentimento com alguém que nunca de fato pôde estar junto. Otis, o garoto que ela amou em segredo por trás do seu jeito bad girl, que junto a ele viveu deliciosas aventuras no Colégio Moordale… Agora ele está no mesmo lugar, no mesmo país e tão próximo!!

Maeve então pensou se essa não seria uma oportunidade, se deveria dar uma chance a esse amor. Dessa vez mais velhos, mais amadurecidos, em um novo país, eles poderiam dar o passo rumo ao romance tão sonhado por ambos.


***


18h. Metrô de Shibuya lotado, pessoas passando em um ritmo frenético. Otis chega à estação e observa o mar de gente, percebendo o quanto Tokyo é tão diferente da tranquilidade de Moordale… - “como as pessoas daqui são estranhas” - ele pensa. Observava atento a cada pessoa, cada olhar, para ver se em alguma delas encontrava a garota que ele queria para o resto da vida.



Uma hora se passou, e nada… Já sem esperanças, Otis acreditava que a vontade que ele tinha de reencontrar Maeve não era recíproca. O sol já havia se escondido e ele se sentia cada vez mais solitário, apesar de estar envolto em uma multidão. Já prestes a ir embora, ele caminha triste em direção à saída da estação, quando ouve um grito:


- OTIIIIS!! OTIS! Eu tô aqui!! - grita Maeve, desesperada após correr para tentar alcançá-lo.


Otis vira de costas e enxerga de longe a imagem que ele pensou que nunca mais veria. Maeve, com brilho nos olhos, à sua espera. Um sentimento genuinamente recíproco de felicidade é compartilhado pelos dois. Nem a timidez que comanda o corpo de Otis ou a hesitação que circunda Maeve foram capazes de impedir que os dois corressem em direção um ao outro para um forte abraço. Foi quente e verdadeiro. Otis demonstra insegurança para falar sobre os seus sentimentos, mas ali mesmo ele decidiu não mais pensar. Resolveu mostrar o amor que sentia por Maeve, e ficou feliz por saber que ela não iria deixar o medo a impedir de revelar os seus sentimentos.


- Eu senti tanto sua falta que você não tem ideia! - exclama Otis, que é retribuído com um sorriso de Maeve.

- Eu também. Menos desse negócio estranho no seu rosto - diz Maeve, se referindo ao bigode de Otis e gerando risadas nele, que está claramente contente em vê-la. Afinal, essa era a garota por quem ele se apaixonou anos atrás: debochada, ácida, sincera e, ainda por cima, com um coração enorme que ela evitava demonstrar.


Um beijo romântico e cheio de saudade iluminou aquele momento tão especial, diante de uma multidão na rua que acompanhava e aplaudia. Eles estavam extremamente felizes por tudo aquilo estar acontecendo, pois agora nada poderia impedi-los de aproveitar aquele momento. Porém, eles não esperavam que naquele dia suas vidas mudariam para sempre.


*** ***Indica-se ler as seguintes cenas escutando a canção:


Já era tarde da noite e, por mais que Tokyo fosse famosa por suas luzes e grandes outdoors cintilantes, a cidade já começava a adormecer e as pessoas se preparavam para descansar, rumo ao amanhecer de novo dia movimentado. Porém, Otis e Maeve ainda andavam sorridentes e de mãos dadas por Shibuya, pois queriam aproveitar ao máximo o tempo juntos. Resolveram comprar um saquê e sentar em um banco de praça. Quando de repente, algo estranho aconteceu. Maeve começou a se sentir desconfortável, como se subitamente estivesse tendo a premonição de algo ruim, mesmo não sabendo o que seria.



- O-otis… a gente precisa ir - Diz Maeve, assustada

- Ué, mas está tão bom aqui! E o saquê tá delicioso - Diz Otis, beijando-a em seguida


Ela não sabia explicar o que era aquilo, mas tentava de todas as formas explicitar que era o momento de irem embora. Contudo ele só queria continuar ali mais um pouco, vivendo aquele sonho, querendo gritar “eu te amo Maeve” enquanto tomava boas doses de saquê. Por outro lado, os olhos de Maeve expressavam aflição enquanto olhavam para todos os cantos possíveis daquele lugar, como se a qualquer momento algo ou alguém pudesse sair dali. Quando seu olhar se volta para Otis, surge atrás dele uma figura monstruosa e medonha.


- Otis, vem comigo… não olha para trás, não olha, não olha! - diz Maeve, tentando alertá-lo

- Você fala como se estivéssemos correndo muito perigo! - diz Otis, sem entender o que estava acontecendo - Olha só para os lados, não tem nada aqui! Atrás de mim também não tem nad… AAAAAAAH! AAAAAAAAAAAH! O que é isso? - grita ele, ao virar para trás e se deparar com a criatura.


Uma estrutura corporal monstruosa que se assemelhava a uma genitália gigante, com longos braços e pêlos compridos. Nas extremidades dos dedos de suas mãos haviam genitais masculinos como grandes tentáculos. A aparência deste ser tinha uma essência fantasmagórica e horripilante. Maeve puxa o braço de Otis e tenta correr o mais rápido possível, porém os braços longos da criatura alcançam o pescoço de Otis que, gritando por socorro, é arrastado pelo chão. Horrorizada, ela tenta reagir


- Larga ele, sua criatura ridícula! Tira essas garras de cima do meu namorado! - Grita Maeve, tentando puxar o corpo de seu parceiro, mas com um soco o corpo dela é jogado contra a parede.


Otis continua implorando por ajuda mas é instantaneamente sugado. No âmago daquela criatura, ele começa a sentir um turbilhão de sentimentos negativos, como se ele estivesse retrocedendo no tempo e todas as suas inseguranças sexuais e sentimentais, que o acompanhavam quando adolescente, desabrochassem dentro de si. Mas ao mesmo tempo, ele se sente tão atraído por aquela figura, que deseja ser definitivamente engolido por ela. Paralelamente, uma absurda dor se espalha pelo corpo de Maeve após ser jogada contra a parede, contudo ela insiste, se levanta e tenta salvar seu amor que foi sugado para o interior daquele ser repugnante, mas o simples olhar impetuoso da criatura a paralisa.

Maeve então, sente a criatura se aproximando de forma lenta em sua direção, e acredita que também será engolida por ela. A genitália gigante tenta golpeá-la, mas ela consegue desviar rapidamente, em uma velocidade que nem a mesma sabia ter.


- Quem é você, seu monstro horroroso? Se você quer me levar também, me leva! - diz Maeve, já prestes a se entregar


Entretanto, o ser sobrenatural não demonstra um evidente interesse em ingerí-la. Quando, então, subitamente, três figuras aparecem caindo do terraço de um prédio. Dois homens e uma mulher aterrissam com perfeição na calçada e rapidamente seguem em direção a criatura com ferocidade. A garota tem um martelo gigante com o qual arremessa enormes pregos. Um dos garotos é extremamente veloz e quase alcança a criatura, porém o ser monstruoso é mais rápido e consegue mudar a consistência de seu corpo, o que o possibilita fugir. Maeve, ainda confusa, tem o olhar dos três estranhos voltados para si, quando de repente sente uma forte pancada na nuca e adormece em seguida.


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