Fazia dias desde que Maeve não parava de treinar. Por mais cansativo que fosse, ela nem cogitava a possibilidade de parar, pois tudo o que conseguia pensar era no quanto Otis estava sofrendo e o quanto ela queria poder salvá-lo. Porém precisava evoluir muito, e para isso não faltavam pessoas qualificadas. Por trás de sua simpatia, Itadori possuía uma força monstruosa, Megumi se tornava ainda mais sério quando invocava os seus poderosos shikigamis e Nobara ia aos extremos da insanidade para alcançar um fio de cabelo de Maeve para usar em seus bonecos de palha durante os treinos.
Por mais rigorosos que fossem, Maeve criou uma forte conexão com eles e percebeu que apesar de serem extremamente fortes, eles também eram humanos. Ao conversar com Itadori, percebeu o quão preocupado com os seus amigos ele é. Algo lhe dizia que ele talvez tivesse sofrido muito por perdas no passado, mas ainda assim se esforçava para sempre transmitir boas energias ao próximo com seu contagiante sorriso.
- Maeve, não precisa tanto se preocupar em ter uma habilidade inata - dizia ele - Eu também nunca tive uma, mas me assegurei muito bem na porrada. Para que isso?
Maeve abriu um leve sorriso no rosto.
- Como foi quando você veio aqui pela primeira vez? - pergunta
- Ah, eu lembro de tudo se fosse ontem. As batalhas. Gojo-sensei. A batalha com os estudantes de Kyoto - responde Itadori com um visível brilho nos olhos - Tiveram momentos ruins também, mas eu prefiro os momentos bons. Lembro da primeira vez que fiz o Fulgor Negro.
- O que é isso? - questiona Maeve, com um olhar confuso.
- Bem… é complicado. Mas, basicamente, o fulgor negro é uma distorção espacial que amplifica um golpe físico quando a energia amaldiçoada é aplicada a ele em um milésimo de segundo - explica Itadori, que nota uma mais evidentes expressões de confusão no rosto de Mave. - Eu sei que é complicado, mas imagina que você aplica a quantidade certa na hora certa, hahahah. E é isso.
- Vamos fingir né? - diz Maeve, dando leves gargalhadas, mas logo em seguida se questiona mais e mais sobre aquele assunto: “Como aplicar a energia amaldiçoada num golpe em um milésimo de segundo?”
Ela amava conversar com Itadori, pois dava boas gargalhadas junto a ele, mas ainda assim se questionava sobre coisas do mundo xamã. Já Megumi era sério e introspectivo, mas não egoísta. Ele se preocupava muito com todos ao seu redor, inclusive com ela e com Eric, que eram simplesmente conhecidos. Além de regularmente ligar para uma garota que parecia ser sua irmã, a qual ele sempre queria saber se estava bem e segura. Era o que menos falava, mas ainda assim demonstrava complacência. E Nobara, por mais que fosse ácida e odiasse demonstrar seu lado mais doce, era uma garota bem sensível. Maeve ria muito de seus surtos e momentos caóticos. Em um momento mais calmo decidiu ter uma conversa amigável com ela:
- Nobara, eu poderia saber por que usa o tapa-olho? - pergunta, com medo da resposta
- Não, sua intrometida - responde Nobara, que a deixa Maeve cabisbaixa - Eu tô brincando hahahah - fala ela com um sorriso debochado
Nobara para em frente a um espelho, e começa a contar a sua história
- Há vários anos ocorreu o incidente de Shibuya, um dos momentos mais chocantes do mundo Jujutsu. Ninguém esperava por aquilo. O nosso poderoso sensei, Satoru Gojo, foi capturado. E eu sendo bem marrenta como de costume, fui além dos meus limites. O ser mais desgraçado que conheci na minha vida estava lá. A cara costurada e pálida dele não foi suficiente para me assustar. Então, o surpreendi com minha habilidade, mas quando menos esperei, sua palma encostou no meu rosto. E foi quase o fim, mas logo acertei meu martelo no lado esquerdo de minha face. E me safei, mas agora enxergo tudo pela metade.
Naquele momento, Maeve viu uma Nobara vulnerável que ela nunca pensou ver.
- Ei, garotas! hora do treino - grita Eric do outro lado do campo, onde está com um instrumento de percussão amarrado à suas costas.
***Indica-se o ler início dessa cena escutando a canção:
Todos os feiticeiros estão no enorme campo de treinamento. De um lado do campo, Itadori e Megumi amarram os braços de Maeve de maneira que chega a ser um pouco doloroso para ela, e em sua frente deixam um punhal amaldiçoado fincado ao chão. Maeve não conseguia prever aonde aquilo iria chegar. Ela simplesmente sabia que teria que dar tudo de si para sair daquela condição.
- Maeve, Eric possui a capacidade de, por meio dos sons feitos pelos seus atabaques, gerar torturas mentais em seus oponentes - explica Megumi - Ele tocará uma melodia simples, mas que será suficiente para que gere em você um desespero que possa, talvez, evidenciar a sua técnica inata. Agora, se concentre!
Maeve sentia como se tivesse sido jogada em um campo de batalha para ser devorada. Ao olhar para Nobara e Itadori, via olhares que transmitiam confiança e apoio para que ela se sobressaísse.
Eric então, inicia os leves toques no instrumento e imediatamente, ela se sente como se estivesse sendo espremida por todos os lados, como se não houvesse saída em um cubo de tortura. Era quase impossível pensar em como fugir daquele pesadelo súbito e sufocante. Mas ela procura ascender em si uma força que nunca teve antes. Imagina Otis no estômago daquela criatura, sendo torturado e maltratado. Ela precisa salvá-lo.
“Não desista, você aguenta! Pensa no Otis” - pensa consigo mesma
Eric não para por um segundo as batidas, que mais pareciam socos em Maeve. Ela começa a suar e morde os lábios. Ela não vai desistir. Lembra dos treinos de artes marciais com Itadori. Os embates com os poderosos shikigamis de Megumi. As lutas incansáveis com Nobara. E lembrava de todos os ensinamentos que aprendeu em sua vida. Desistir não era uma palavra que combinava com ela. Focando sua energia para gerar impulsos, ela põe toda sua força na intenção de se libertar. Metade de sua mão já estava liberta das cordas.
“Não desista, garota! Está mais perto!" continuava falando consigo mesma.
Lutava contra aquela onda de dor que era lançada sobre seu corpo. Faltava bem pouco para se libertar. E, finalmente, suas mãos estavam livres! Ela conseguiu. E não pensou muito, indo direto ao punhal amaldiçoado, uma vez que Eric não parava o seu batuque torturante. Em velocidade máxima, se dirigiu ao atabaque e, sem pensar muito, penetrou a ponta do punhal na superfície do objeto. Nele escreveu algo. Os sons cessaram. Mas ela não sabia o motivo. Ao abrir os olhos viu o que tinha escrito no instrumento: “PARE”
- Maeve? Você… - Diz Eric, que mal conseguia se expressar. - Você parou os sons. Eles não funcionam mais!
Todos estavam perplexos. Maeve estava contente e chocada ao mesmo tempo. A resposta sempre estava ali: a sua escrita. Ela poderia mudar a realidade com a sua escrita amaldiçoada. Essa era sua habilidade inata.
***
Haviam se passado sete dias. Em uma sala escura, o grupo de feiticeiros da Escola Técnica de Feitiçaria de Tokyo se reúne na tentativa de bolar um grande plano para derrotar a maldição. Maeve, agora mais treinada, já se sente pronta para exercer a sua energia amaldiçoada.
- Temos que discutir agora como cada um pode contribuir com o seu poder - diz Itadori - Agora é tudo ou nada!
- Bom… - inicia Nobara - no momento em que a criatura capturou o Otis, eu consegui um fragmento dela.
Nobara então, tira do seu bolso um frasquinho com um líquido transparente porém um pouco esverdeado, com aspecto gosmento
- Esse líquido estava jorrando dos tentáculos. Aí o Itadori, com sua enorme força física, conseguiu pular e se agarrar a um desses tentáculos, tirando um pouquinho desse líquido. Só um pouco pra mim já era suficiente.
- A Nobara precisava ter um artefato do inimigo para poder agir sobre ele - explica Itadori
- Então… - continua Nobara - Aquela criatura é uma vagina. De acordo com o que eu examinei, isso aqui corresponde a um líquido lubrificante que normalmente todas as vaginas têm. Mas esse aqui em especial, tem outra textura, é mais gosmento. Isso quer dizer que esse líquido não apenas tem a função de lubrificar por dentro, mas também de potencializar a força amaldiçoada. Percebam como essa gosma tem uma cor diferente!
- Isso explica o porquê eu não tive força suficiente para derrotá-la! - diz Itadori, que bate na mesa revoltado - Mesmo eu sendo um especialista nas artes marciais, os meus golpes não funcionavam! Ela estava tentando me enfeitiçar também, por pouco não fui capturado junto!
Maeve então, chega perto do frasco e analisa a gosma
- Mas não é possível que o grande poder de feitiço dessa vagina monstruosa esteja na lubrificação. Ela pode ser forte e gigante, mas todas as vaginas são sensíveis. Essa também com certeza tem alguma fragilidade! - exclama Maeve - Precisamos analisar a sua anatomia. Aqui não tem nenhuma maquete do sistema reprodutor, uma vagina de plástico, de silicone, sei lá??
- Isso aqui é uma escola de feitiçaria! Nós lidamos com maldições eróticas, mas aqui não temos aula de educação sexual! - diz Megumi enfurecido
- Pois deveriam!! - grita Maeve
Nobara, então, vai até uma caixa e pega um objeto misterioso, atiçando a curiosidade de todos
- Vocês acham mesmo que eu não pensei nisso??? - diz ela, colocando o objeto sobre a mesa - Eu mesma construí sozinha uma ppk versão de palha! Ficou bonitinha, né? E com o meu magnífico espeto, derramando o líquido gosmento sobre ela, vamos descobrir qual é a parte sensível!!
- Eu já vi ppk até em versão cupcake, mas de palha é a primeira vez, hahaha! - diz Eric rindo
Nobara derrama o líquido sobre a vagina palha e começa a espetá-la. Ao mesmo tempo, a PPKDuMal começa a sentir dores em suas extremidades
- AAAH… UUUH, Ai, ai ai… estou sentindo dores em todas as minhas partes! Parece que alguém está me perfurando, me espetando, sei lá! Ui… é você né, seu idiota?
Otis, ainda preso e lambuzado pela gosma, se assusta
- Claro que não!! Eu estou praticamente imóvel! - exclama Otis
- Você está dentro de mim, e se eu estou sentindo dores, só pode ser você que está tentando me ferir! Eu já falei e não vou repetir, não ouse me desafiar! Se não eu me vingo de novo!
- Não sou eu, eu não estou fazendo nada!! Por favor, não me castra de novo!! - Otis implora
Mas Nobara continua a lhe espetar cada vez mais, e chega num ponto específico em que a PPK enlouquece de tanta dor
- AAAAAAAAAAAHHHHH! Você quer acabar comigo, seu ridículo!! Você vai ver só!!!
A PPK ativa sua força amaldiçoada de gosma e seu líquido lubrificante se transforma em um verdadeiro tsunami, afogando Otis, que não consegue reagir. Enquanto isso, os feiticeiros continuam reunidos na sala, porém Nobara percebe que, ao espetar aquele ponto específico, algo havia acontecido com a maldição.
- Gente, esse ponto aqui é crucial! Eu o espetei e senti que a maldição reagiu! Será que é nele que devemos focar?
Maeve toma a vagina de palha da mão de Nobara, e analisa com cuidado
- Geralmente, o ponto crucial é o clítoris, onde se encontram diversos vasos e nervos essenciais de uma vagina. Além do ponto A, uma dobrinha no canal vaginal, que fica quase sempre sob o colo do útero. Exatamente por isso ela é muito pouco estimulada, apesar de bem sensível. Quando estamos excitadas, o útero contrai e sobe, deixando o fórnix mais exposto. Mas esse ponto tem uma sensibilidade muito grande, é através dele que nós temos orgasmos, então você não pode sair por aí espetando o coitado! Precisamos atingi-lo, mas de outro jeito. - diz Maeve, deixando todos na sala assustados com seu imenso conhecimento.
Megumi então se levanta, e, com sua alma de liderança, começa a atribuir as tarefas
- Então vamos começar os trabalhos o quanto antes… Eric possui o domínio do atabaque amaldiçoado, portanto seu uso será mais do que útil para imobilizar a criatura. Visto que o som gerado pela relíquia Yorubá é muito poderoso, próximo do campo de batalha, Nobara irá usar um pequeno fragmento de cada um de nós para que nossa audição não capte o som do atabaque. Eu irei atacar com os shikigamis que eu poderei invocar, mas, provavelmente, essa maldição não terá dificuldade em se regenerar. Para isso, Itadori irá atacar a curta distância junto à Maeve.
Maeve se assusta ao ouvir seu nome
- Maeve, você demonstrou ter o conhecimento sobre o ponto fraco da criatura, portanto deverá abrir caminho para o ataque final, para que assim possamos salvar Otis e exorcizarmos a maldição. A sua habilidade recém descoberta poderá ajudar, e o Itadori estará ao seu lado
- Me sinto levemente envergonhada de conhecer tão bem sobre as vaginas, mas irei fazer o impossível para salvar o Otis - bufa Maeve - Inclusive, quem irá lançar o ataque final?
- Essa é uma maldição sexual de grau elevado, portanto deveremos usufruir de uma das armas mais poderosas do mundo Jujutsu, a Espada masturbatória Vibratória. Ela foi feita a partir da costela de Saikō no shōfu, a primeira grande maldição sexual. E essa arma está nas mãos de uma grande feiticeira nossa. E que vocês, Eric e Maeve, também conhecem muito bem - diz Megumi
Os dois se olham, espantados, tentando imaginar quem seria.
- Pode entrar, Lily Iglehart - anuncia Megumi, direcionando sua mão para a entrada da sala.
***
E lá estava Lily, a grande possuidora da Espada Masturbadora. Maeve e Eric se chocam ao encontrarem mais uma aluna de Moordale na Escola Jujutsu
- Velho, é sério que até você?! - diz Maeve, olhando fixamente para Lily.
- Nossa velho, não precisa ficar com os olhos tão arregalados. Afinal, eu tô no seu time - responde Lily com um tom humorado - Soube que você e Eric estariam aqui e não pensei duas vezes - Diz ela, se direcionando para dar um abraço em ambos.
- Quanto tempo! Senti saudades - murmura Maeve, sufocada no grande abraço coletivo que estava ocorrendo entre os três.
- Eu confesso que não esperava por esse plot! - Diz Eric
Após se sentarem, Lily começa a explicar:
- Descobri ainda jovem que era uma xamã. Meu pai me contou, mas pediu que eu nunca contasse à minha mãe, pois ela nunca soube mesmo após anos juntos. E eu cumpri a promessa. Porém com o tempo minha habilidade inata se tornou cada vez mais evidente e incontrolável. Foi quando decidi seguir meu caminho como feiticeira. A conexão bizarra que eu tinha com ETs não era aleatória. Eu sou uma feiticeira sensitiva. Consigo descobrir a presença e o local das maldições. Além de conseguir descobrir a origem delas.
Imediatamente Maeve se exalta:
- Então você sabe onde tá o Otis né? O que era aquilo que engoliu ele? - grita ela
- Calma! - responde Lily, tentando contê-la - Eu não sou tão poderosa assim, mas consegui informações valiosas. A partir da gosma que a Nobara me mostrou, descobrir fatos interessantes
Maeve não consegue segurar suas gritantes expressões de ansiedade
- Então - inicia Lily - A maldição se assemelha mais a uma alma transfigurada, porém isso contradiz com o fato de que ela possui uma imensa quantidade de energia amaldiçoada em seu interior. Isso nos leva ao fato de que aquilo seja uma transfiguração ociosa extremamente bem desenvolvida e feita para matar. Além disso, uma maldição muito poderosa era capaz de realizar esse tipo de transfiguração: Mahito.
Maeve nota que Nobara logo aproxima sua mão ao tapa olho no lado esquerdo do seu rosto, como se aquele nome citado por Lily fosse um gatilho.
- Porém, ele foi morto no terrível incidente de Shibuya ao ter sua energia amaldiçoada absorvida pelo poderoso Kenjaku - explica Lily
Itadori abaixa levemente a cabeça, abatido por lembranças ruins do passado
- Então esse Mahito reviveu? É isso? - pergunta Maeve
- Não exatamente. Mas aquela criatura tem sim uma forte relação com ele - responde Megumi
- Eu já descobri a localização da criatura. E o meu artefato secreto poderá atingí-la no seu ponto mais sensível com o poder masturbador, só que ao invés de matá-la por completo, ela vai destruir somente a maldição em seu entorno e assim abrirá o caminho para que Otis possa ser libertado. A masturbação, na verdade, só faz bem para todas as ppks! Agora precisamos nos preparar ao máximo para que tudo ocorra perfeitamente como planejado - diz Lily.
Os olhos de Maeve brilharam ao ouvir aquilo. Ela finalmente sabia que poderia ver o seu amado Otis. Que todo aquele pesadelo está próximo do fim.
“Eu não vejo a hora de poder te salvar Otis. E, finalmente, poder te amar. Nada e ninguém irá te fazer mal quando meus braços estiverem ao seu redor. “ - pensa Maeve consigo mesma
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